É envolto em emoção e alegria que o recebo neste, também seu, espaço de opinião.
Aqui não se faz política. Não se põe em causa o bom-nome de personalidades e ou instituições.
Este espaço reveste-se apenas da importância para a publicação de opiniões construtivas acerca do desenvolvimento desportivo na região, com incidência em Marco de Canaveses.
Disponha!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

ARTIGOS DE OPINIÃO

batemos no fundo do poço…
A actualidade económica vivida na União Europeia, agravou ainda mais a situação sentida em Marco de Canaveses, que recentemente viveu mais um episódio negro com a penhora de um milhão de euros, vindo dificultar ainda mais a viabilidade financeira do Município e por consequência o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Associativo. Os optimistas dirão o contrário, falarão de um pseudo problema, de uma obrigação a ter de ser mantida por parte da autarquia. Os realistas, sabem que estamos a viver um dos piores, senão o pior momento financeiro na localidade.
Aceder ao sítio da Internet da Câmara Municipal, www.cm-marco-canaveses.pt/, pesquisar no separador Município/Desporto/Plano Desportivo Municipal, “Dinamizar o desporto Marcoense…para garantir um futuro saudável”. E? Como?
Fala-se à boca cheia de projectos federativos, não se sabe se com ingenuidade ou com ridícula convicção. Contam-se pelos dedos de uma mão os reais projectos desportivos deste Concelho, (para não falar dos “inexistentes” equipamentos desportivos municipais). Aqueles que compreendem a formação de atletas desportivamente aptos, socialmente disponíveis e academicamente responsáveis. Aqueles que não são meras tentativas de dirigentes cheios de vontade de gerar a ira rival num mano-a-mano a ver quem consegue ter mais escalões, sinal de maior apoio financeiro Municipal. Pouco importa se treinam uma vez por semana, se jogam em terra batida, num ringue de cimento, à chuva, se os treinadores foram pescados no ranking-dos-adeptos-ou-familiares-que-vêem-mais-jogos. Perfil táctico-técnico e humano adaptado à cultura do clube e aos seus objectivos a médio/longo prazo? Modelo de jogo? Para quê? O que importa é ter mais e mais e mais! “Como” é uma palavra que neste caso não passa disso mesmo, duma palavra – e por sinal bem desinteressante!
Clubes que deixam “morrer” modalidades, quando são estas que lhes elevam o nome bem alto a nível nacional, as mesmas que lhes trazem a tão desejada televisão à terra.
Qual é o espanto perante este estado das coisas quando o “exemplo” vem de cima? Quando, em plena crise económica se continua a subsidiar tudo e todos, sem preocupação de formação, como se dali “frutificasse” o atleta, o homem, o cidadão verdadeiramente e eficientemente formado.
A ilusão está a acabar ou mesmo acabada. O vício federativo requer inúmeras condições sócio-económicas e desportivas insuportáveis pela maioria das Associações Desportivas deste Concelho.
Admitir, meramente por hipótese, reformular o Associativismo Desportivo em Marco de Canaveses, com uma esquematização de prioridades, a verdadeira pirâmide, colocando no topo aquela Associação Desportiva na qual todos se revejam, a que levará mais alto e mais longe o nome de Marco de Canaveses, estando todos os outros na retaguarda, a formar de forma conciliada atletas e demais agentes desportivos. Utópico? Talvez, se tivermos em consideração que há, acima de tudo, demasiada gente mal-formada e incompetente em cargos que lhes deveriam estar vedados. Um reflexo, talvez, de um problema geral da sociedade portuguesa, mas que mesmo assim não deixa de ser preocupante e não nos pode deixar optimistas para o que aí vem. O Associativismo Desportivo Marcoense precisa de líderes, de reunir o melhor que há no Concelho (e são inúmeros). De reunir competência. Táctica, técnica, psicológica. Científica, filosófica e metodológica.
O sucesso desportivo de um Concelho depende da sua capacidade para reunir, nas suas elites, figuras inspiradoras, capazes de traçar e executar planos estratégicos que influenciem positivamente o povo. Quando se vê uma tamanha falta de qualificação – científica e humana – dos quadros dirigentes e técnicos, não é de estranhar que continuemos a ter, nos próximos anos, inúmeros atletas que podiam ter sido jogadores. Na verdadeira acepção da palavra.
Não tenhamos medo de o admitir: batemos no fundo do poço. E ao que parece, vamos continuar a descer.
Emanuel Moreira