É envolto em emoção e alegria que o recebo neste, também seu, espaço de opinião.
Aqui não se faz política. Não se põe em causa o bom-nome de personalidades e ou instituições.
Este espaço reveste-se apenas da importância para a publicação de opiniões construtivas acerca do desenvolvimento desportivo na região, com incidência em Marco de Canaveses.
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

ARTIGOS DE OPINIÃO

Marco de Canaveses e o futuro desportivo das colectividades desportivas locais.
Actualmente o desporto assume uma enorme importância na vida das sociedades, importância essa que está em conformidade com a forma como as sociedades encaram outros valores essenciais da vida do cidadão, como a educação, a liberdade, o emprego, a igualdade, a saúde, a qualidade de vida.
Os factores actuais, de ordem endógena e exógena às politicas desportivas apontam, cada vez mais, no sentido de o Desporto se assumir na plenitude do seu valor cultural e formativo, e constituir-se como meio essencial ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de todas as componentes da personalidade humana.
Terá sido no decurso do ano de 1966, no “Conselho da Europa” que se formulou o conceito de «Desporto para Todos». Foi criado com o objectivo de uma educação incessante e para o desenvolvimento cultural, proporcionando a um maior número de pessoas a oportunidade de colher benefícios da participação no desporto, ou seja, o «Desporto para Todos» visa democratizar a prática desportiva, resulta da sua segmentação, surgindo relacionado com formas individuais da actividade desportiva. O modelo do “Desporto para Todos” não se afirma contra o Desporto Federado, nem rejeita a competição. No entanto, assume um outro significado, pois o que interessa salvaguardar é o indivíduo em si e não o resultado.
Em relação aos apoios não se pretende que estes sejam retirados ao Desporto Federado para serem atribuídos ao Desporto para Todos, mas sim que o Desporto Federado não seja a única estrutura a ser apoiada.
A Constituição da República Portuguesa, na Lei Constitucional refere “Todos têm direito à cultura física e ao desporto”…“Incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e colectividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto”. Desta forma, estes dois pontos deveram ser encarados como as linhas mais gerais que devem ser seguidas pelas autarquias, entidade mais local, no âmbito de um correcto desenvolvimento desportivo.
Ainda na Constituição encontramos o título VII que diz “Compete à assembleia da autarquia local o exercício dos poderes atribuídos pela lei, incluindo aprovar as opções do plano e o orçamento” demonstrando aqui a importância da autonomia das autarquias no desenvolvimento adequado de plano de desenvolvimento.
No que diz respeito ao Sistema Desportivo o principal instrumento legislativo é a Lei de Bases do Sistema Desportivo. Nesta pode ler-se “A presente lei estabelece o quadro geral do sistema desportivo e tem por objectivo promover e orientar a generalização da actividade desportiva, como factor cultural indispensável na formação plena da pessoa humana e no desenvolvimento da sociedade.”…“O sistema desportivo, no quadro dos princípios constitucionais, fomenta a prática desportiva para todos, quer na vertente de recreação, quer na de rendimento, em colaboração prioritária com as escolas, atendendo ao seu elevado conteúdo formativo, e ainda em conjugação com as associações, as colectividades desportivas e autarquias locais”.
Dado o exposto e consultando os editais das Assembleias Municipais deste Concelho, verifica-se a ausência de referências ao Associativismo Desportivo e quando estas aparecem são simplesmente para fazer referência aos subsídios atribuídos.
Analisando o orçamento para o ano financeiro de 2009, lê-se no título “Desporto e Lazer”, incluída uma verba de sensivelmente €689.000,00 (seiscentos e oitenta e nove mil euros). Findas que estão a quase totalidade das épocas desportivas 2009/2010, é tempo de se fazer o balanço dos investimentos realizados. Espante verificar que quatro colectividades desportivas com vertente futebol e sem qualquer escalam de formação, auferiram em subsídios municipais sensivelmente €34.000,00 (trinta e quatro mil euros) para manter em competição federada um total de aproximadamente 100 (cem) atletas, muito pouco se tivermos em consideração que representam quatro freguesias com populações acima dos 2000 (dois mil) habitantes.
Persistem os municípios a ter critérios pouco claros para a cedência de apoios ao associativismo, esquecendo-se que o dinheiro que possuem deverá ser destinado a todos os munícipes e não apenas a alguns, contribuindo assim, para que o associativismo desportivo seja um factor decisivo para a democratização da prática desportiva.
Urge dizer basta, vamos procurar soluções conjuntas para delinear as linhas orientadoras e elaboração da CARTA DO ASSOCIATIVISMO DESPORTIVO DO MARCO DE CANAVESES.
Financeiramente é insustentável a falta de modelo Associativo Desportivo em Marco de Canaveses.
Também é notório que a mentalidade dominante no Concelho é a da subsidio dependência, fruto da inércia e inoperância dos agentes desportivos cujo principal objectivo é o da competição, esquecendo o todo, o bem geral da comunidade.